segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Fome De Feijão

Desculpa a demora pessoal mas as férias me tiram todo o meu tempo...mais um texto escrito por mim, espero que gostem!

Quando o sinal soou e a classe despencou pela escadaria abaixo, Caio sentiu, vindo da cantina do colégio, o aroma de cebola e alho sendo fritos, logo seguido pelo cheirinho de feijão refogado.
Parou ao pé da escada, com o risco de ser esmagado pela corrente humana que continuava despencando. Não queria deixar o cheiro escapar-lhe das narinas...Feijão! Feijão cozido no dia, refogadinho com cebola e alho, talvez temperado com uma folhinha de louro, alguns pedaços de carne ou linguiça boiando no caldo. Feijão!
Caio desviou-se dos colegas, não respondeu aos acenos dos amigos que queriam marcar um futebol mais tarde, ao passar pelo portão nem reparou no sorriso de Luana - garota a quem no dia anterior procurara feito louco.
A fome enchia seu estômago, seus olhos, seu cérebro. Fome. Fome de almoço. Fome de feijão.
Correu para casa pensando na terrível, desesperadora possibilidade de a mãe não ter feito feijão para o almoço naquele dia.
A pizzaria da avenida, por onde sempre passava em seu caminho para casa, exibia por trás das vitrinas os pizzaiolos exercendo sua arte. Fervia de gente almoçando. Caio captou com o rabo dos olhos, uma pizza saindo do forno a lenha: a crosta crocante, a mozarela derretida se espalhando entre pingos de molho de tomate e o orégano derramando seu perfue pela calçada.
Mas o garoto nem piscou. Naquele dia, trocaria cinco pizzas de mozarela, suas preferidas - por uma concha bem cheia de feijão. Feijão. Feijão!
Dobrou a esquina onde a padaria exibia os pãezinhos quentes e doces tentadores. Na vitrina desfilavam os pães doces recheados com creme de baunilha e frutas cristalizadas, os bolos cobertos de glacê, chocolate granulado e crejas, as tigelinhas de musse aveludada em vários sabores.
Impassível, Caio passou pelo perigo; nem um olhar para os sonhos recheados, nos quais costumeiramente desperdiçava a mesada e o apetite do almoço. Nem um suspiro ante os suspiros brancos, crocantes
por fora e macios por dentro, exalando o doce cheiro do açucar. Nada.
Ele queria, desejava, anelava, precisava apenas de um prato bem cheio de feijão.
Mal respirou ao entrar em casa. A porta, a sala, o corredor não chamaram sua atenção. Sobre a mesa da cozinha, nem farejou uma vasilha transboradando de batatas fritas douradinhas: parou, desiludido, ante uma travessa de macarronada fumegante, o molho vermelhinho escondido sob uma cachoeira de queijo ralado.
-Não tem feijão?...-perguntou, a voz miúda diante de tanta fome.
Foi então que viu a mãe, retirando do fogão o caldeirão onde o objeto de seu desejos borbulhava.
Feijão cozido no dia, refogado em alho e cebola, temperado a louro e com pedaços de carne e linguiça boiando no caldo espesso. Ah!...
Devorou um prato, dois, dois e meio.
Muitos almoços e jantares haveriam de acontecer ainda, na vida de Caio. Muitas iguarias ele provaria, doces e salgadas, como passar dos anos. Mas talvez ele nunca mais comesse algo com um prazer tão xcompleto como naquele dia em que, inexplicavelmente, saiu do colégio com fome de feijão.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O circo O menino A vida


Adoro esse texto!!


A moça do arame

equilibrando a sombrinha

era de uma beleza instantânea e fulgurante!

A moça do arame ia deslizando e despindo-se.

Lentamente.


Só para judiar.

E eu com os olhos cada vez mais arregalados

até parecendo dois pires.

Meu ti dizia:

"Bobo!

Não sabes

que elas sempre trazem uma roupa de malha

por baixo?)"

(Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs

nem biquínis...)

Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus

olhos virgens.

Segredeva-me.

Sempre:

"Quem sabe?..."

Eu tinha oito anos e sabia esperar.


Agora eu não sei esperar mais nada.

Desta nem da outra vida,

No entanto

o menino

(que não sei como insiste em não morrer em mim)

ainda e sempre

apesar de tudo

apesar de todas as desesperanças,

o menino

às vezes

segreda-me baixinho

"Titio, quem sabe?..."


Ah, meu Deus, essas crianças!
Mário Quintana

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Natal


Natal é uma época difícil para os cronistas. Eles não podem ignorar a data e ao mesmo tempo não existe mais maneira original de tratar do assunto. Os cronistas-principalmente os que estão no métier* há tanto tempo que ainda usam a palavra métier-já escreveram o que havia para escrever sobre o Natal. Já recontaram a história do nascimento de Jesus de todas as formas: com amarga ironia ("Pô cara, Herodes mandou apagá todos os bródi recém-nascido, tremendo mauca"), em versão socialmente relevante (os três magos são detidos numa batida policial a caminho da manjedoura, mas só o negro precisa explicar o que tem no saco), versão online (jotace@salvad.com.bel conta a sua vida num chat site),etc.

Papai Noel, então, nem se fala. Eu mesmo já escrevi a história do casal moderno que flagra o Papai Noel deixando presentes sob a árvore de Natal, corre com ele e não conta nada da sua visita para o filho porque querem criá-lo sem qualquer tipo de superstição- várias vezes. E sempre há o recurso das cartas fictícias para o Papai Noel. Patéticas, pedindo juízo para os homens e paz para o mundo. Políticas: "Só mais um mandato e eu juro que acerto, ass. Fernando"*. Práticas: "Algo novo para escrever sobre o Natal, por amor de Deus!"

Já fomos sentimentais e piegas, já fomos sarcásticos blasfemos, já fomos simples, já fomos pretensiosos- não há nada a escrever sobre o Natal. Peraí um pouquinho! Tive uma idéia. Uma reunião de noéis! Noel Rosa*, Noel Coward* e Papai Noel. Acho que sai alguma coisa. Noel Rosa, Noel Coward, Papai Noel estão reunidos... onde? Na mesa de um bar? Não, Papai Noel não pode ser visto num bar, pelo menos não com a roupa de trabalho. No Pólo Norte? Noel Coward, acostumado com o inverno de Londres, talvez aguentasse, mas Noel Rosa congelaria. Noel Rosa, Noel Coward e Papai Noel estão reunidos em algum lugar. Noel Rosa pensa no que dizer. Papai Noel cofia a barba. Ninguém sabe, exatamente, o que é "cofiar", mas é o que Papai Noel faz. Noel Coward olha em volta com evidente desgosto por estar um algum lugar. Preferia estar em outro. Ninguém encontra o que dizer, nem eu. Esquece. Não há nada mais a escrever sobre o Natal.





Luís Fernando Veríssimo







*métier:palavra francesa que significa profissão, ofício (já menos usada entre nós)


*referência ao presidente da época (Fernando Henrique Cardoso) que ficou famos por ter proposto que os ocupantes de cargos executivos pudessem ser reeleitos.


*Noel Rosa: famoso compositor de MPB da primeira metade do séc. XX


*Noel Coward: famoso autor inglês de peças de teatro.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Ctrl+C & Ctrl+V

Eu li esse texto por aí e achei muito interessante:


Assistimos o erro dos outros e mesmo assim não aprendemos com isto e aplicamos os disparates alheios em nossas vidas. Ainda não aprendemos a usar os bons exemplos ou imitá-los sempre miramos os ignóbeis e copiamos seus hábitos e atitudes e colamos em nosso dia adia. E quando percebemos perdemos um tempo valioso com coisas erradas. Estava fazendo uma analogia mental com meu grilo falante e pensando como é parecido o uso do Word com nossas vidas, pois quando encontramos algo na internet que nos chama a atenção, para um trabalho ou algo parecido vamos lá e Copiamos e colamos, às vezes selecionamos tudo Ctrl+T. Inserimos, formatamos criamos novos usos para aquela atitude ou hábito e por ai vai, mas sempre no Ctrl+C e no Ctrl+V e muitas vezes esquecemos de abrir uma janela em nossas mentes para organizar tudo criando um novo Layout e quando vemos temos que Ctrl+X recortar aquilo, pois está nos incomodando ou simplesmente não era aquilo que inicialmente tínhamos imaginado. Entretanto existe muita coisa que deixamos passar e que poderíamos simplesmente Crtl+C e Ctrl+V em nossas vidas e não o fazemos passando assim por dificuldades desnecessárias, que é quando a vida esta nos dizendo”Este programa efetuou uma operação ilegal e será fechado”. A vida é como um doc.Word e cada um digita, cola e copia o que quer, formatando e criando o seu próprio layout com fundos amarelos, vermelhos ou negros, com ou sem figuras, com hyperlink, ou tabelas, com ou sem parágrafos mas uma coisa temos que estar conscientes o digitador somos nós, e os erros que o documento de nossas vidas apresentar só devemos a nós mesmos.

Agora você pode dar um Prtsc SysRq nesta dica ou simplesmente Delete
Francisco Amado


quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O primeiro dia


Desde que eu acordei naquela manhã sabia que seria um dia especial. Não que ele tivesse começado diferente dos outros, foi igualzinho. Minha mãe resmungou o "Tá na hora" de toda manhã, minha irmã passou um tempão enfiada no banheiro, meu pai saiu atrasado. Eu engoli o café com leite morrendo de sono, fiquei olhando o pão com manteiga sem a menor vontade. E na minha cabeça, uma vozinha ficava repetindo: "É hoje, é hoje!"

Foi só por causa da vozinha que eu não briguei com ninguém e terminei de comer o pão com manteiga. Naquele dia não ia me aborrecer!

Fui pra escola carregando aquela mochila mais pesada que um saco de pedras. Na última subida, antes de chegar ao portão do colégio, quase que paro no meio do caminho! Mas a vozinha continuava me animando: "É hoje, é hoje!" Eu continuei até o portão.

Tudo o que podia acontecer naquele dia aconteceu. Levei bronca da tia por causa da cor do tênis. Ralei o joelho no recreio quando fui bater um futebolzinho com o pessoal. E o sanduíche de queijo que minha mãe preparou pro lanche ficou esmagado no fundo da mochila, debaixo daquele monstruoso dicionário! Sem falar no sermão do professorde ciências por causa da letra ("ilegível" ele disse) com que eu respondi o questionário. Pra terminar, na saída tropecei nos cadarços do tênis e levei o maior tombo bem na frente da Lali, a menina mais cheia de frescuras da escola! Mas sabe de uma coisa? Tô nem aí.

Corri de volta pra casa, joguei a mochila num canto, tirei o tênis e me deitei no sofá, só curtindo. Agora já nem ouço mais a vozinha, eu mesmo falo alto: é hoje, é hoje! Não tenho dever de casa pra fazer, nem trabalhos para entregar. Não tenho que deitar cedo pensando na hora de acordar. Não tenho que fzer nada, só brincar e descansar! A bola tá ali no canto, e em cima da mesinha, uma pilha de mangás me esperam impacientes. Tenho os restos dos cadernos para escrever e desenhar. E tenho um monte de tempo para fazer o que eu quiser! Porque hoje é só o primeiro dia, o primeiro dia das férias.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Eu, um super herói

Desci do ônibus apressado, tentando me desembaraçar da multidão de garotos que, como eu, voltava da escola. Acenei para uns colegas que iam em direção contrária à minha. Precisava fazer de conta que eu ainda era um deles. Precisava fingir...

Enquanto ia pra casa, subindo a rua sob o sol quente, nem sentia os incômodos que tanto me irritavam antes. A calçada irregular, a falta de sombra, o barulho ensurdecedor do tráfego. Não, não havia espaço em minha mente para resmungos. Não depois que havia me transformado num super-herói.

Olhei ao redor, imaginando se as pessoas que subiam a rua teriam adivinhado meus pensamentos. Meu segredo era tão enorme, tão incrivel, que parecia impossível não ser visível num luminoso de neon sobre minha cabeça, piscando:

ESTE GAROTO É UM SUPER HERÓI

ESTE GAROTO É UM SUPER HERÓI

Segui suando sob o sol, coração apertado sob o peso daquele segredo, de meus superpoderes tão subitamente adquiridos. Devia ficar tranquilo, ninguém poderia adivinhar.

Ao passar pela portaria do prédio, tudo aquilo me pareceu ridículo. Eu, um super herói? Eu, participando de aventuras perigosas como as dos quadrinhos, enfrentando vilões, salvando a Terra, encarando a morte corajosamente? Isso era fantasia: não havia lugar para super-heróis no mundo real.

Eu não passava de um menino de onze anos, morando num apartamento de dois quartos no quinto andar de um edifício, estudando na quinta série num colégio estadual, normal até não poder mais, como poderia ser mais do que isso?

E, no entanto, lá estava, sob minha cama, a caixa que me fora enviado por ELES. Lá estava a roupa que me servia perfeitamente, e com a qual me sentia tão bem. Por fim, lá estava eu, imagem refletida no espelho do quarto que dividia como meu irmão.

Não, eu não podia mais fazer de conta que tudo era como antes. No fundo de meus próprios olhos vi o brilho de superpoder. Mesmo que não aceitasse as instruções, mesmo que não vestisse as roupas, que não voasse ou fizesse qualquer demonstração, eu era um super-herói por dentro.

Senti a vibração dos poderes em mim, a sensação de tantas coisas incríveis que poderia fazer, a vontade de voar livre nos céus. Minha mente se expandia e percebia coisas distantes acontecendo, conversas estranhas, fatos passados e futuros.

Eu tinha de aceitar a verdade: nunca mais na minha vida voltaria a ser como antes. Aqueles poderes me pertenciam e eu devia usá-los!

Concentrei os pensamentos e desejei ficar invisível. Não me surpreendi quando, em poucos segundos, meu corpo se tornou transparente e a imagem refletida no espelho desapareceu. Suspirei, ergui os braços e subi; passei pela vidraça aberta da janela, contornei os fios elétricos que saíam do edifício na direção dos postes, subi mais.

Voava livre sobre a cidade, feliz com a inacreditável sensação da invisibilidade e do vôo, mas levando ainda o coração apertado com o peso do segredo e da responsabilidade.

Pois eu era um super-herói, e a partir daquele momento a preocupação com o povo e o planeta, a coragem de enfrentar o perigo e amorte teria de fazer parte do meu dia-a-dia.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A Morte Devagar

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Martha Medeiros

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Se o amanhã não vier...

Já postei esse texto quando usava MSN Spaces... mas vale apena lê-lo de novo:

Carta anexada no mural de comunicação
interna da TAM, um dia após a queda do Airbus,
pelo marido de uma das aeromoças mortas.

SE O AMANHÃ NÃO VIER...

Se eu soubesse que essa seria a última vez
que eu veria você dormir .
Eu aconchegaria você mais apertado,
E rogaria ao senhor que protegesse você.
Se eu soubesse que essa seria a última
vez que veria você sair pela porta,Eu abraçaria, beijaria você, e chamaria de volta,
Para abraçar e beijar uma vez mais.
Se eu soubesse que essa seria a última
vez que ouviria sua voz em oração,Eu filmaria cada gesto, cada palavra sua,
Para que eu pudesse ver e ouvir de novo,
dia após dia.
Se eu soubesse que essa seria a última vez,
Eu gastaria um minuto extra ou dois,
para parar e dizer: EU TE AMO
Se eu soubesse que essa seria a última vez,
Eu estaria ao seu lado, partilhando do seu dia,
ao invés de pensar:"Bem, tenho certeza que outras
oportunidades virão, então eu possodeixar passar esse dia."
É claro que haverá um amanhã para
se fazer uma revisão,E nós teríamos uma segunda chance
para fazer as coisas de maneira correta.É claro que haverá outro dia para dizermos
um para o outro: "EU TE AMO",
E certamente haverá uma nova chance de
dizermos um para o outro:
"Posso te ajudar em alguma coisa?"Mas no caso de eu estar errado,
e hoje ser o último dia que temos,Eu gostaria de dizer
O QUANTO EU AMO VOCÊ.
E espero que nunca esqueçamos dissoO dia de amanhã não esta prometido
para ninguém, jovem ou velho,
e hoje pode ser sua última chance de
segurar bem apertado, a mão da pessoa
que você ama.
Se você está esperando pelo amanhã,
porque não fazer hoje?
Porque se o amanhã não vier,
você com certeza se arrependerá pelo
resto de sua vida,
De não ter gasto aquele tempo
extra num sorriso, num abraço, num beijo,
Porque você estava "muito ocupado"
para dar para aquela pessoa,aquilo que acabou
sendo o último desejo que ela queria.
Então, abrace seu amado, a sua amada HOJE.
Bem apertado.Sussurre nos seus ouvidos,
dizendo o quanto o ama e o quanto
o quer junto de você.
Gaste um tempo para dizer
"Me desculpe""Por favor""Me perdoe""Obrigado"ou ainda:"Não foi nada""Está tudo bem".Porque, se o amanhã jamais chegar,
você não terá que se arrependerpelo dia de hoje.
Pois o passado não volta,
e o futuro talvez não chegue...

(Pelo marido de uma das aeromoças mortas.)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Permita-me

Permita-me que o meu amor por você seja para sempre.
Permita-me beijá-la no escuro e sentir você próxima a mim.
Permita-me ouvir seu sussurrar nos meus ouvidos pronunciando seu docenome.
Permita-me envolvê-la num abraço aconchegante e protetor.
Permita-me sentir suas mãos em meu corpo e seus lábios colados aos meus.
Permita-me abraçar o seu corpo e mantê-lo quente durante a noite.
Permita-me sentir seu aroma e beber o seu sabor.
Permita-me ouvi-la respirar, tranqüila e serena, enquanto dorme.
Permita-me olhá-la e ver como você é linda e charmosa.
Permita-me caçar a sua dor e levá-la para bem longe.
Permita-me dar-lhe força e coragem.
Permita-me roubar-te o medo e a insegurança.
Permita-me apresentar soluções para os seus problemas.
Permita-me dançar ao seu lado a mais suave música.
Permita-me lutar pelo seu amor, nosso amor.
Permita-se, somente, uma nova chance.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Boas Maneiras

A cansada ex professora se aproximou do balcão do supermercado. Sua perna esquerda doía e ela esperava ter tomado todos os comprimidos do dia: para pressão alta, tonteira e um grande número de outras enfermidades.
"Graças a Deus me aposentei a vários anos"- ela pensou. "Não tenho energia para ensinar hoje em dia."
Imediatamente antes de se formar a fila para o balcão, ela viu um rapaz com quatro criançase uma esposa, ou namorada, grávida. A professora não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço.
"Ele esteve preso"- pensou
Continuou a observá-lo. Sua camiseta branca, cabelos raspados e calças largas levaram-no a cojecturar:
"Ele é membro de uma gangue."
A professora tentou deixar o homem passar na sua frente
-Você pode ir primeiro - ofereceu.
-Não a senhora primeiro - ele insistiu.
-Não, você está com mais gente - disse a professora
-Devemos respeitar os mais velhos - defendeu-se o homem.
E, com isto fez um gesto largo indicando o caminho para a mulher.
Um breve sorriso adejou seus lábios enquanto ela mancou na frente dele. A professora que existia dentro dela não pôde desperdiçar o momento e, virando-se pra ele, perguntou:
- Quem lhe ensinou boas maneiras?
- A senhora, Sra.Simpson, na terceira série.
Paul Karrer

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

As sem-razões do amor









As sem-razões do amor


Eu te amo porque te amo,

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.



Carlos Drummond de Andrade

Um novo começo...


Um novo começar, novo caminhar. Outro chão a pisar, novas pessoas a conhecer... mas em mim o mesmo propósito: mostrar a beleza do viver através da palavras. Experiências retratadas das mais diferentes formas, pelas mais diferentes pessoas. Essências que tenho certeza serão assimiladas e usadas em ocasiões adversas afim de escrever essa história tão linda chamada VIDA.