domingo, 6 de janeiro de 2008

A garotinha que ousou desejar


Quando Amy Hagadorn dobrou a esquina no final do corredor de sua sala de aula, colidiu com um garoto alto da quinta série correndo na direção oposta.

-Olhe por onde anda, coisinha -gritou o garoto enquanto se desviava da menina da terceira série. Então, com um sorriso afetado, o garoto segurou sua perna direita e imitou a maneira que Amy mancava quando estava andando. Amy fechou os olhos por um instante. "Ignore-o", disse para si mesma enquanto se dirigia para a sala de aula. Mas, no final do dia, Amy ainda estava pensando sobre a zombaria do garoto. E ele não era o único. Desde que Amy entrara para o terceiro ano, alguém zombava dela todo santo dia, a respeito de sua forma de falar ou de seu andar manco. Ás vezes, mesmo em uma sala cheia de outros alunos, as zombarias a faziam sentir-se sozinha.

À mesa de jantar naquela noite, Amy ficou calada. Sabendo que as coisas não iam bem na escola, Patti Hagadorn ficou feliz por ter boas notícias para partilhar com sua filha.

-Há um concurso de desejos de Natal na estação de rádio local - anunciou. -Escreva uma carta para Papai Noel e você pode ganhar um prêmio. Acho que alguém de cabelos louros e cacheados nesta mesa deveria entrar.

Amy riu e um papel e uma caneta surgiram.

-Querido Papai Noel - ela começou.

Enquanto Amy caprichava na caligrafia, o resto da familia tentava descobrir o que ela poderia pedir para Papai Noel. Tanto a irmã de Amy, Jamie, quanto sua mãe pensaram que uma Barbie de um metro de altura estaria no topo da lista de desejos de Amy. O pai de Amy pensou em um livro com ilustrações. Mas Amy não revelou seu desejo secreto de Natal.

Na estação de rádio WTL, em Fort Wayne, Indiana, as carta para o Concurso de Desejo de Natal jorravam. Os funcionários se divertiam com todos os diferentes presentes que os meninos e meninas de toda a cidade queriam para o Natal. Quando a carta de Amy chegou a estação de rádio, o diretos Lee Tobin a leu com atenção.

"Querido Papai Noel.

Meu nome é Amy. Tenho nove anos de idade. Tenho um problema na escola. Será que você pode me ajudar Papai Noel? Os garotos riem de mim por causa da maneira que eu ando, corro e falo. Tenho paralisia cerebral. Só queria um dia em que ninguém risse ou zombasse de mim.

Com amor, Amy."

O coração de Lee ficou apertado quando ele leu a carta. Ele sabia que paralisia cerebral era uma desordem muscular que podia deixar os colegas de Amy confusos. Ele pensou que seria bom para as pessoas de Fort Wayne ouvirem a respeito da menininha especial e seu pedido incomum. O Sr. Tolbin ligou para o jornal local.

No dia seguinte, uma foto de Amy e sua carta para Papai Noel estavam na primeira página do The News Sentinel. A história se espalhou rapidamente. Por todo o país, jornais, rádio e televisão relatavam a história da garotinha em Fort Wayne, Indiana, que pedira um presente de Natal tão simples e, ainda assim, notável- apenas um dia sem zombarias.

De repente, o carteiro passou a frequentar a casa do Hagadorns. Envelopes de todos os tamanhos endereçados a Amy chegavam diariamente, enviados por crianças e adultos do país inteiro, recheados de desejos de boas festas e palavras de encorajamento. Durante a época atribulada do Natal, mais de duas mil pessoas do mundo todo enviaram a Amy cartas de amizade e apoio. Alguns dos remetentes tinham deficiências, mas cada um enviava uma mensagem especial para Amy. Através dos cartões e cartas vindas de estranhos, Amy teve um vislumbre de um mundo cheio de pessoas que realmente se importavam com as outras. Ela percebeu que nenhuma forma ou quantidade de zombarias poderia fazê-la se sentir solitária novamente.

Muitas pessoas agradeceram a Amy por ser corajosa o suficiente para se abrir. Outras a encorajavam a ignorar as provocações e a andar de cabeça erguida. Lynn, uma menina da sexta série, do Texas, enviou esta mensagem:

"Gostaria de ser sua amiga e se, você quiser me visitar, poderiamos nos divertir. Ninguém irá zombar de nós porque, se o fizerem, não iremos nem ouvi-los"

Amy conseguiu o seu desejo de um dia especial sem zombarias na Escola Primária South Wayne. Ademais, todos na escola receberam um bônus extra. Professores e alunos discutiram sobre o que as zombarias podem fazer os outros se sentirem. Naquele ano, o prefeito de Fort Wayne proclamou oficialmente o dia 21 de dezembro como o Dia de Amy Jo Hagadorn em toda a cidade. O prefeito explicou que, ao ousar fazer um pedido tão simples como aquele, Amy ensinou uma lição universal.

-Todos- disse o prefeito - querem e merecem ser tratados com respeito, dignidade e carinho.

Alan D. Schultz

4 comentários:

Fashionista Butterfly disse...

Cara, adorei eu blog e me apareceu num dia especial mesmo.
Esse texto é seu ou você divulga textos de outros escritores??
Muito linda essa história, engraçado como as crianças sempre nos surpreendem com pedidos simples e que quando paramos para analisar...bom, não é tão simples quanto parece.
Beijo.

Obs.:posso te add aos meus favoritos??

Patrick Leão disse...

Muito bacana o blog, e adorei a história. Bem emocionante!

É em situações como esta que nós vemos que os nossos problemas são pequenos comparado ao dos outros..

Jefferson Barbosa disse...

E eu repito: Todos querem e merecem ser tratados com respeito, dignidade e carinho.

Anônimo disse...

Estou fazendo uma charge dessa história, gosto mto dela ^^ Blog mto cool \o/