quinta-feira, 15 de maio de 2008

Lembranças à sombra de uma macieira



Mais um outono chegava e mais uma vez estava ele lá, debaixo da velha macieira, palco principal da sua infância feliz. Enquanto se protegia à sombra da grande árvore, observava as folhas mortas caírem e o céu azul com pouquíssimas nuvens, comporem uma obra-de-arte abstrata natural. Em sua cabeça, se perguntava pela milésima vez o porquê das pessoas que amamos terem que nos deixar, por que o destino o escolheu para viver uma vida tão solitária.
Enquanto fechava os olhos e sentia a brisa percorrer sua face, lembrava-se do sorriso da sua mãe, do seu beijo carinhoso, do seu toque compreensivo... Desde que se entende por gente, eram só ele e ela, mais ninguém! Quando um precisava, sabia que podia contar com a ajuda do outro. Mesmo com todas as dificuldades, era uma família feliz.
Mas a felicidade não duraria muito tempo. Até hoje ele estremece ao lembrar daqueles tempos difíceis. Ver sua mãe definhar em uma cama e ser levada ao hospital, lugar de onde nunca mais voltaria, era pior do que qualquer tipo de tortura física. Não demorou muito para que recebesse a notícia que mudaria a sua vida. Ele perdeu o chão, o seu mundo caiu, sua vida tinha acabado de perder todo o sentido. Enquanto ainda mantinha os seus olhos fechados, reviveu todos aqueles momentos de dor intensa. Era impossível conter as lágrimas que encharcavam seu rosto.
Sem perceber, acabou pegando no sono. Por um curto instante, se esqueceu de toda a dor que havia passado, de todos os momentos tristes e difíceis que viveu solitário... Sonhou que estava novamente na presença da sua mãe, de mãos dadas, em um campo de margaridas. Ele nunca irá se esquecer daquele sorriso inconfundível, do seu olhar amoroso... Nunca se esqueceria daquela sensação de felicidade.
Mas tinha que acordar. Levantou-se com um sobressalto, vestiu o seu paletó novamente e enquanto andava de volta para sua casa, olhou para trás, viu novamente aquela velha árvore, deu um sorriso e continuou o seu caminho. Seu triste e solitário caminho.

12 comentários:

danii disse...

nossa!
doeu em mim!
não imagino minha vida sem minha maravilhosa mãe!

www.daniilopes.blogspot.com

Jefferson Barbosa disse...

Me lembrou muito daquelas produções cinematograficas que querem, porque querem, nos fazer chorar. Gostei! Gostei bastante!

Anônimo disse...

Felizmente tenho minha mae ao meu lado e sei o valor que ela tem, já perdi meu pai e realmente o que sinto é muito parecido com o seu texto.

http://tvcinemaemusica.wordpress.com

Cruela Veneno da Silva disse...

Que triste...

Tom Coyot disse...

Poxa vida
não tudo são rosas
nem a primavera dura pra sempre

Charles Araújo disse...

Adoro escrever textos com emoções extremas como esse daí. É triste, mas muita gente nesse mundo, vive uma tristeza semelhante. Ainda bem que nao sou um deles, tenho meus pais e os amo muito!

Greta Manilla disse...

É, não é fácil, realmente. Mas, a gente sempre se acostuma, não sei dizer se isso é bom ou ruim. Acho que é bom, depois do sofrimento ficam só as boas lembranças e é isso o que realmente deve restar.

Beijão.

Tailany Silva disse...

nossa, adorei o texto.
apesar de ele n ser um texto que aborde a felicidade, eh bem expressivo.
na verdade os textos tristes e q sao mais tocantes, ao menos pra mim.
vc escreve muito bem!

D'AUMON disse...

olá, charles!!!

tudo bem! valew o comenário...
bem, tenho frequentado seu blog sim, porém, meu pc tá com virus, ou tava num sei, dai num conseguia comentar m quase blog nenhum...

mas, falando do texto, apesar de triste é uma coisa que acontece, e tudo que é intenso bom ou ruim chega a machucar...
e eu apoio esse tipo de texto meio "modernismo-trágico" os melhores textos que já li, são com histórias semelhantes, de tristeza perca morte...
parabéns pela 2345 vez!

abração! e bju nas crianças!

Anônimo disse...

Tá assistindo Pushing Daisies demais.... /lala

A propósito, tou em casa já.

- Emanuel Jake'''' disse...

Muito bom, Vou te mandar os meus charles...

Anônimo disse...

Você escreve muito bem, tem talento.